Certo é que com o passar dos anos a Feira do Livro da Amadora
foi perdendo força, os stands de
livros foram gradualmente sendo substituídos por outros expositores e feirantes
que comercializavam outro tipo de produtos, até que há já uns anos, deixou
mesmo de haver venda de livros por esta altura do ano no Parque Delfim
Guimarães: a Feira do Livro acabou.
Sem qualquer razão plausível que sustentasse este fim, para
mim injustificável é fácil procurar e encontrar igualmente fáceis argumentos,
como a crise do mercado livreiro, a falta de interesse da população, até o
desenvolvimento da tecnologia, etc.
Estes argumentos esbarram contudo de forma frontal com a
realidade e não é preciso procurar muito para verificar isso mesmo. Aqui ao
lado, em Lisboa, temos uma Feira do Livro anual, cujo sucesso é verificável a
cada edição, onde ano após ano o número de stands aumenta, onde existe um forte
interesse por parte das editoras e dos livreiros que ali vêm um momento alto
para a divulgação e venda das obras que editam. Este ano foram 340 pavilhões,
divididos por 140 expositores, centenas de eventos, como conferências,
colóquios, apresentações de livros ou sessões de autógrafos, numa iniciativa
cultural que marca a Capital e o País aquando da sua realização. A Feira do Livro
de Lisboa bateu o record quer no número de pavilhões e expositores, quer no
número de visitantes: foram mais de 500 000 (!). Foi a maior edição de
sempre. De igual modo se refira que os indicadores que vão sendo divulgados
relativamente à venda de livros em Portugal se revela esclarecedor, sendo os
mais recentes segundo a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL),
entre Abril e Junho de 2022, houve um aumento de 17,6% do número de livros
vendidos em território nacional, face ao período homólogo de 2021. Foram
vendidos no 2.ª trimestre deste ano 2 708 308 livros.
Estes dados, conhecidos, confirmam que há um cada vez maior
interesse por parte dos portugueses pela leitura e pelos livros, o que merecia
que se olhasse para eles com vontade de os acompanhar e de lhes dar resposta. Numa
Cidade como a Amadora, com mais de 170 000 habitantes seria de grande
importância a nível cultural e lúdico voltar a oferecer à Cidade uma Feira do
Livro, que trouxesse à Amadora dezenas ou mesmo centenas de expositores de
forma a acompanhar a evolução do mercado livreiro e oferecer à população um
momento cultural de excelência.
Numa altura em que se comemora o 43.º aniversário da elevação
da Amadora a Concelho, deixo esta reflexão, e com o desejo de a mesma poder ser
levada a sério e a Feira do Livro da Amadora possa voltar a ser uma realidade e
a marcar também as festividades anuais do nosso Concelho. A Amadora merece-o.
Post Scriptum: De lamentar que este ano o centro da Cidade,
na Freguesia da Venteira, nomeadamente no Parque Delfim Guimarães, outrora
epicentro das Festas da Cidade tenha sido completamente abandonado no que respeita
as festividades do Concelho e que a Feira anual que substituiu a Feira do Livro
e que ali tinha lugar todos os anos não se tivesse realizado este ano, um facto
a que ninguém pode ficar indiferente.
Daniel Marques Rodrigues
Secretário-Geral da Comissão Politica da Secção da Amadora do Partido Social Democrata
Líder da bancada do Partido Social Democrata na Assembleia de Freguesia da Venteira
Comentários
Enviar um comentário