São anos, já muitos (desde 1997), de uma gestão Socialista que, à sua maneira, tem transformado, com a sua visão, a Cidade da Amadora. É essencial para um sistema verdadeiramente Democrático que, periodicamente, os cidadãos se possam pronunciar sobre quem preferem para gerir a Coisa Pública, sendo que no caso das Autárquicas não é diferente e o resultado que saia das Eleições e quem seja escolhido pelos cidadãos possa ter condições para implementar o seu programa Autárquico. O que me preocupa, como Amadorense, é que 24 anos de Partido Socialista na liderança política do Concelho da Amadora têm estagnado o Município e em alguns casos arrasado por completo determinadas áreas de intervenção, fruto de uma ausência total de um rumo, e de um projecto que se possa desencadear políticas concretas que ao fim de algum tempo possam dar frutos. O Desporto foi, inequivocamente, uma dessas áreas.
Em 24 anos, a Amadora viu
desaparecer 2 dos seus maiores emblemas, Instituições de utilidade pública e de
relevância Nacional, que levaram o nome Amadora por todo o País e até além
fronteiras, em equipas e atletas de excelência que a todos devem orgulhar:
Falo da Associação Académica da Amadora e do Clube de Futebol Estrela da
Amadora.
No caso do Estrela da Amadora,
a situação é mais mediática porque é indesmentível que estamos (de longe)
perante o maior embaixador do Concelho. Foi um fim doloroso, imerecido para os
milhares de sócios do Clube, sofrimento, dor, incerteza… Até que um grupo de
sócios que não se conformou com esse desfecho devolveu à Cidade a hipótese de
voltar a ter de volta o seu maior Emblema: dava-se a fundação do Clube
Desportivo Estrela. Fiz-me sócio na primeira hora. Da criação dos escalões de
formação onde desde cedo, centenas de crianças e jovens viram no Clube
Desportivo Estrela um projecto viável e uma instituição aprazível para praticas
Desporto até à criação da primeira equipa de futebol sénior que ingressou no último
escalão do Futebol Distrital de Lisboa, passaram alguns anos, ultrapassando-se
muitas dificuldades, mas a alegria para todos os Estrelistas de ter de volta o
seu Emblema superou toda essa espera.
Recentemente, há menos de um
ano, todo o panorama relativo ao Clube Desportivo Estrela acabou por mudar
drasticamente, tendo os seus sócios aprovado uma fusão com o Sintra Football,
fusão esta que dando origem a uma Sociedade Anónima Desportiva e do ingresso
desta no Campeonato Nacional de Séniores, lugar anteriormente ocupado pelo
Sintra Football: Era o regresso do Estrela da Amadora aos escalões nacionais do
futebol.
O resultado saído desta fusão,
e a campanha desportiva realizada pela equipa sénior principal da SAD do
Estrela da Amadora não pode (ou não devia) deixar ninguém indiferente: num par
de meses reuniu-se uma equipa de gestores na área desportiva e do futebol de
nível internacional. Formou-se uma equipa técnica competente, e uma equipa de
futebol com valor para colocar novamente a Amadora e o seu maior Emblema em
patamares ainda mais elevados. O 1.º lugar na Série G é prova desse mérito e
dessa excelência. Mas tal só foi possível com muito empenho, dedicação e com
investimento. E gratos podem os Amadorenses estar a começar pela Câmara
Municipal e quem gere os seus destinos em ver quem veja na Amadora uma boa aposta,
um bom investimento, quem veja aqui uma seria aposta de crescimento, como
aconteceu no caso da criação de uma SAD que recuperasse e trouxesse de volta a
história e a mística do Estrela da Amadora. Quantos Municípios à nossa volta se
podem apresentar uma Instituição com a
grandeza do Estrela da Amadora passível de atrair o investimento que aqui foi
feito e continuará a ser feito de futuro?
Mas não obstante esta movida,
esta nova vida do Estrela da Amadora e a excelência do percurso até aqui
trilhado, o problema do Estádio José Gomes, continua por resolver, sendo um
sinal claro e evidente da postura que a Câmara Municipal da Amadora e o Partido
Socialista local, tem perante o desporto: indiferença, inércia e falta de
visão.
O Estádio José Gomes continua
pois a ser um problema por resolver há cerca de 10 anos, nos primeiros, sem
qualquer proposta para a sua aquisição de cada vez que ia a leilão,
ultimamente, já com o interesse da SAD, no desejo legítimo de querer para si
aquela que é a casa de todos os Estrelistas, tem havido contudo dificuldade no
seu processo de compra, sendo que poderia a Câmara Municipal ter uma postura
muito mais pró-activa na tentativa de resolução deste problema.
Recentemente, naquela que
seria uma das soluções para por definitivamente fim a este imbróglio que dura
há 10 anos, foi novamente chumbada em Assembleia Municipal uma proposta para
aquisição do Estádio, solução esta que mereceu o voto favorável do PSD, em
consonância com a ideia que detém para aquele local, em defesa do conceito de
cidade desportiva que ali deve ser criada, integrando todos os equipamentos
desportivos ali existentes, tendo contudo a bancada do PS que detém maioria
absoluta naquele Órgão votado contra.
A SAD do Estrela da Amadora
vê-se pois numa situação difícil, em que não conta com o problema resolvido por
esta via, restando-lhe um investimento que terá de ser feito na tentativa de
aquisição daquele espaço desportivo o que a frustrar-se poderá levar esta SAD a
ter de ter a sua equipa principal a competir num outro Concelho que não a
Amadora, solução esta que já foi colocada pelos seus responsáveis.
Este é pois, o espelho de uma
ausência total de política desportiva para a Cidade, um caminho de ausência, de
inactividade, também aqui de indiferença. Uma Amadora que vê o ressurgimento do
seu maior Emblema, mas cuja Câmara Municipal reage com relativa indiferença e
distanciamento, face à resolução de um problema, que não é mais do que a
existência de um Estádio no centro da Cidade e a iminência de ficar novamente devoluto.
Uma Amadora que deixou de
apresentar atletas de alta competição em números de outrora, representantes de
Selecções Nacionais nas diversas modalidades, atletas Olímpicos, como sempre
foi imagem de marca e um verdadeiro orgulho para todos nós.
Uma Amadora que deixou de ter
Clubes que atingissem divisões de topo e os poucos que conseguem lá chegar,
atingem resultados que ficam muito aquém daquela que seria a sua verdadeira
capacidade se contassem com outro tipo de apoio por parte da Autarquia. Falo a título
de exemplo do Sport Futebol Damaiense e da sua Equipa de Futebol Sénior
Feminina que de forma profundamente injusta mas com toda a coragem e de forma
aguerrida, luta desesperadamente para se manter no Principal Escalão Nacional.
Do Clube Recreativo do Bairro de
Janeiro, que chegou a representar a Amadora e em particular a Freguesia da
Venteira em Escalões Nacionais, que fruto da Pandemia e das dificuldades que
atravessa, deixou este ano de ter Equipa Sénior de Andebol.
São exemplos vivos, realidades
factualmente demonstráveis no terreno, medindo o pulso à realidade do
Associativismo Desportivo da Amadora, numa Cidade com graves problemas sociais
onde o tecido cultural e desportivo e as instituições que estão na Cidade para
oferecer Desporto aos cidadãos, têm um trabalho essencial e que deveria ser
muito mais valorizado, o que não acontece, dada a ausência de uma visão da
Autarquia para o Desporto.
Ao fim de 24 anos de Partido
Socialista à frente dos destinos da Câmara Municipal da Amadora, é esta indiferença
que cabe a cada um de nós combater, sendo essa indiferença é transversal a
diversas áreas e o Desporto uma das mais visíveis.
Encaremos, pois, a mudança com
naturalidade.
Daniel Marques Rodrigues
Secretário-Geral da Comissão Politica do Partido Social Democrata da Amadora
Líder da bancada do Partido Social Democrata na Assembleia de Freguesia da Venteira
Comentários
Enviar um comentário