Que posição ocupa a Amadora no ranking dos Municípios Portugueses?

Que posição ocupa a Amadora no ranking dos Municípios Portugueses?

Considera que a Amadora é um Município ideal para viver, visitar e investir? Não obstante o forte sentimento que nutrimos pelo Concelho, os dados estatísticos comprovam que não!

De acordo com o estudo Portugal City Brand Ranking 2018¹, publicado pela Bloom Consulting no passado mês de Março, a Amadora não é um Município de eleição em nenhuma das três vertentes tidas em consideração: Viver, Visitar e Negócios.

É importante enquadrar o estudo como um relatório da autoria de uma reconhecida empresa internacional, famosa pela elaboração de rankings associados a países, municípios, competitividade, inovação, entre outros.

A metodologia é muito simples. São definidas 5 dimensões essenciais: investimento, turismo, talento, proeminência e exportações, sendo, posteriormente, aplicado um algoritmo próprio baseado em dados estatísticos, procura e desempenho online. Posteriormente, os Municípios são organizados mediante a sua pontuação total, sendo esta a soma das 3 vertentes supra mencionadas: Viver, Visitar e Negócios.

Detalhes técnicos à parte, vamos ao que realmente importa: os resultados!

Como o caro leitor intuitivamente deduzirá, a Amadora não se encontra no TOP 25 nacional, isto é, os 25 municípios portugueses melhor classificados. Lisboa encabeça a lista, como o melhor Concelho para viver, para visitar e para investir, seguida do Porto e de Cascais. A presença destes Concelhos no pódio da referida lista pode ser vista com relativa naturalidade. Todavia, é fundamental perceber que não são apenas os Concelhos dos dois maiores centros urbanos (Lisboa e Porto) que marcam presença destacada neste ranking, tal como demonstra o Quadro 1.


Quadro 1 – Ranking Municípios de Portugal


Olhemos, em concreto, para o critério “Negócios”. É, novamente, Lisboa a encabeçar a lista, seguida de Porto, Braga e Cascais. Amadora não consta, uma vez mais, neste top 25 nacional que conta com Sintra, Setúbal, Oeiras, Leiria, Matosinhos, Loures, Mafra, Barcelos, Vila do Conde, entre outros.

Quanto ao fator “Visitar”, a lista é, igualmente, encabeçada por Lisboa e Porto, seguidas de Funchal e Cascais. Também Nazaré, Sintra, Tavira, Guimarães e Oeiras fazem parte deste lote de Municípios, onde o turismo joga um papel fundamental e onde a Amadora continua a não aparecer.

Por fim, no que concerne ao critério “Viver”, Lisboa, Porto e Cascais lideram o top nacional, que conta com diversas capitais de distrito, mas, igualmente, com Oeiras, Matosinhos, Guimarães, Torres Vedras, Maia, Loures e Barcelos. Uma vez mais, a Amadora não figura num lugar de destaque nesta categoria.

Particularizando a Região de Lisboa e Setúbal, podemos constatar que, dos 18 Municípios analisados, o Concelho da Amadora localiza-se na segunda metade da tabela, num modesto 11º lugar. A esta realidade acresce que, do Distrito de Lisboa, apenas Odivelas e Vila Franca de Xira se encontram em lugares abaixo, no 12º e 14º lugares, respetivamente, num ranking liderado, à semelhança do anteriormente referido, por Lisboa e Cascais, agora, seguidos por Sintra, Oeiras, Mafra e Loures.

De acordo com o estudo, para a Região de Lisboa e Setúbal, a Amadora ocupa o 9º lugar para “Viver”, o 11º lugar para “Visitar” e, pior, o 13º lugar para “Negócios”, tal como é possível observar pelo Quadro 2, abaixo disposto.

 Quadro 2 – Ranking Municípios da Região de Lisboa e Setúbal


É verdade que a Amadora é um dos concelhos com maior densidade populacional, não só em Lisboa, como em Portugal, sobretudo pela proximidade relativa aos Concelhos com maior oferta profissional ou educativa. Não é, porém, menos verdade que a este é um Concelho que, à semelhança de outros, consiste num dormitório, em que a sua população vive na Amadora, mas não vive “a” Amadora. Exemplo deste cenário é o facto dos habitantes da Amadora, sobretudo por razões profissionais e desportivas, serem obrigados a encontrar noutros Concelhos a oferta que, por falta de dinâmica e de empreendedorismo, escasseiam no seu Município.

É não menos importante perceber que, em termos turísticos e no Distrito de Lisboa, somente Odivelas e Vila Franca de Xira possuem uma maior dificuldade em captar procura turística, quando comparado com a Amadora. Esta é uma realidade que resulta da reduzida oferta cultural e social, bem como no manifesto desinvestimento no desporto amadorense e que muito contribuiria para a dinamização e para o desenvolvimento comercial do Concelho.

Os dados demonstram, igual e claramente, o facto de que a Amadora não tem capacidade para captação de investimento (interno e externo), possuindo graves deficiências no que à competitividade diz respeito. No distrito de Lisboa, apenas Vila Franca de Xira se encontra num nível inferior. Esta realidade é, ainda mais, injustificável tendo em consideração a proximidade com o Concelho de Distrito (Lisboa), o que poderia inverter o êxodo profissional e habitacional, sobretudo da população jovem, para a Capital e demais Concelhos vizinhos. Também as vias de comunicação (estradas) e oferta de transportes públicos (autocarro, comboio e metro) deveriam ser melhor aproveitadas e otimizadas, em nome da competitividade das empresas e do comércio amadorense, bem como de todos os seus profissionais.

Contudo, o sentimento verdadeiramente desolador surge quando se observa para o posicionamento da Amadora do ranking nacional: 47º lugar! Para além de, sistematicamente, figurar nos últimos lugares do Distrito de Lisboa, a Amadora consta, de igual modo, numa posição muito pouco meritória a nível nacional, com 46 municípios à frente, muitos dos quais presentes em contextos (financeiros, sociais e geográficos) significativamente mais adversos.

Mas não nos enganemos! A Amadora não se tornou um Concelho pouco atrativo para moradores, turistas e investidores de um momento para o outro, mas antes devido à inércia e ao vazio de ideias e de propostas para dinamização e oferta de algo que os cidadãos internos e externos ao Concelho verdadeiramente valorizam. Urge, portanto, romper com as políticas que hoje se encontram implementadas mas que, na realidade, pertencem ao passado e que colocaram a Amadora na posição em que se encontra.

Lutemos por colocar a Amadora no lugar que ela merece!


¹ https://www.bloom-consulting.com/pdf/rankings/Bloom_Consulting_City_Brand_Ranking_Portugal.pdf





Marco Monteiro

Market Specialist

Secretário-Geral da JSD Amadora



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