Os discursos proferidos pelas personalidades que intervieram na cerimónia enalteceram várias vertentes de contributos da nova estação: a melhoria das acessibilidades do concelho e da qualidade de vida da população, a intermodalidade dos transportes públicos, e a redução da afluência de trânsito automóvel a Lisboa.
A estação foi inaugurada já na legislatura actual, mas a obra foi realizada durante a legislatura anterior apesar dos graves constrangimentos impostos ao investimento público no contexto de resgate financeiro decorrente da situação de quase ruptura financeira a que o anterior governo socialista liderado pelo Primeiro-Ministro José Sócrates tinha conduzido o país.
E o prolongamento da Linha Azul até à Reboleira integrava-se no plano de extensão da rede do Metro anunciado em 2009 pelo governo socialista e pela Câmara Municipal da Amadora de a levar até ao Hospital Fernando Fonseca com mais duas estações adicionais, a da Atalaia junto ao Hospital de Santo António e a de Amadora-Centro junto à biblioteca Fernando Piteira Santos. Mesmo a gerir uma gravíssima crise financeira causada por outros, e na dependência de financiamento de parceiros institucionais, o governo anterior fez obra para assegurar o acesso de uma parte importante da população da Amadora, nomeadamente a da Venteira, à rede do Metro de Lisboa e à possibilidade de substituir o recurso ao automóvel por este meio de transporte rápido e eficaz, assim como de tornar o Hospital Fernando Fonseca, e mesmo o de Santo António, acessíveis e quem não tem possibilidade a eles se deslocar de automóvel. O que não é pouco para a população da Amadora, nomeadamente a da Venteira, onde existem pessoas carenciadas economicamente e de cuidados de saúde que não têm possibilidade de usar automóvel particular.
É preciso reconhecer aqui duas coisas. Primeiro, o valor indiscutível que a estação da Reboleira tem tido para todos os seus utentes. Segundo, que de Reboleira tem mais o nome do que o proveito. A estação tem uma localização muito excêntrica relativamente à Reboleira, e nem sequer se situa no território da Reboleira. É utilizável por pessoas que, como eu, moram na zona da Escola Secundária da Amadora, caminhando cerca de 1 quilómetro, mas fica demasiado afastada da zona central da Venteira para ser uma alternativa conveniente para os seus moradores que, quando querem utilizar a rede do Metro para chegar a um destino em Lisboa, se vêem forçados a aceder a ela através de outros meios de transporte público ou privado.
Ao longo destes dois anos desde a inauguração da estação da Reboleira os utentes do Metro de Lisboa têm sido sujeitos a uma degradação da qualidade do serviço muito penalizadora, essencialmente resultante da deficiente manutenção do material circulante decorrente da redução abrupta do investimento público e da imposição de cativações, que têm sido as receitas do governo socialista actual para controlar a despesa pública, a nova forma de aplicar austeridade disfarçada por trás de outros nomes, nomeadamente através da redução do número de composições em circulação, com o consequente aumento dos tempos de espera dos passageiros. E os utentes da Amadora têm sido especialmente discriminados nestes transtornos: quando em 2017, por falta de disponibilidade de composições em estado de funcionamento, foi necessário reduzir a circulação na Linha Azul à hora de ponta, foram exactamente as estações do território da Amadora, Alfornelos, Amadora-Este e a Reboleira, que viram a circulação reduzida para metade, tendo a empresa mantido todas as composições entre a estação de Pontinha e o centro de Lisboa.
Se nos discursos dos responsáveis governamentais o Metro serve teoricamente para melhorar as acessibilidades e reduzir a afluência de automóvel para Lisboa, na prática parece vir a ser gerido para servir preferencialmente a população de Lisboa em prejuízo da que se desloca diariamente dos Concelhos limítrofes para Lisboa, nomeadamente a da Amadora.
O que apenas indiciava um certo desinteresse do governo actual pela qualidade do serviço do Metro prestado aos utentes da Amadora tornou-se mais evidente quando, numa entrevista em Abril de 2017, o ministro do Ambiente que tutela o Metro de Lisboa afirmou "Parece-me muito evidente que o metro deve sobretudo funcionar onde existe uma maior massa demográfica e, portanto, os metros devem ser um transporte essencialmente do centro de cidade. ... basta olhar para o território para ver que é sobretudo no centro de Lisboa que existe uma maior concentração demográfica em que é necessária ao longo do dia uma maior frequência de viagens". Depois desta afirmação de desvalorização total do papel do Metro na melhoria das acessibilidades dos Concelhos circundantes de Lisboa e como alternativa ao automóvel particular no acesso a Lisboa, o mesmo que antes tinha valorizado, não foi surpresa a decisão governamental de no plano de desenvolvimento da rede do Metro deixar cair o prolongamento da rede do Metro até ao Hospital Fernando Fonseca e substituí-lo pela construção de mais estações em Lisboa e no fecho de uma linha circular.
A opção de substituir a expansão na Amadora pelo fecho de uma linha circular deixa cair, como é evidente, o contributo do Metro para continuar a retirar carros de Lisboa através da oferta aos utentes da Amadora de uma alternativa cómoda e conveniente ao acesso por automóvel. É considerada por especialistas em transportes, como por exemplo o Professor do Instituto Superior Técnico Fernando Nunes da Silva, no entanto anterior membro de uma vereação socialista da Câmara Municipal de Lisboa, "...completamente aberrante a vários títulos. Londres, que foi uma das primeiras linhas circulares no mundo, acabou com a mesma há uma dezena de anos, por dificuldade de operação e de manter o serviço desejável com o resto da rede". Não foi justificada por quaisquer estudos que a sustentem, mas apenas pela força da decisão.
E prejudica, como é óbvio, a Amadora e os amadorenses, nomeadamente os Freguesas da Venteira a quem é negado virem a dispôr de uma estação de Metro convenientemente situada para lhes valer a pena substituir o automóvel por este transporte nas suas deslocações para Lisboa, ou para lhes permitir chegar a qualquer ponto de Lisboa sem os inconvenientes e as demoras de várias mudanças de transporte público. Prejudica os inúmeros trabalhadores e utentes que frequentam diariamente o Hospital Fernando Fonseca sem um transporte público conveniente, principalmente os mais carenciados que não têm possibilidade de lá chegar de automóvel próprio.
E, pior que tudo, prova que os anúncios da expansão do Metro de Lisboa feitos pelo governo socialista e pela Câmara Municipal da Amadora socialista em 2009, ano de várias eleições, foram um logro.
Fomos enganados. Ponto.
Surpreendentemente, ou talvez não se se tomarem em conta as cumplicidades políticas e partidárias entre as diversas instituições envolvidas neste processo, a Câmara Municipal da Amadora não tem tido uma voz activa na defesa da população da Amadora, dos seus interesses, e da sua mobilidade. Tem, pelo contrário, assumido uma posição demasiado passiva neste processo.
Mas as autarquias devem também ser um actor que representa institucionalmente os interesses das populações, e neste processo também. Motivo pelo qual o grupo de eleitos do PPD/PSD à Assembleia de Freguesia da Venteira, de que faço parte, submeterá à próxima Assembleia de Freguesia uma moção a manifestar o desacordo com este plano de expansão do Metro que discrimina a população da Freguesia, a necessidade de o Metro de Lisboa cumprir os seus objectivos de contribuir para assegurar a mobilidade sustentável de todos os cidadãos da Grande Lisboa, a requerer ao governo e à administração do Metro de Lisboa a disponibilização dos estudos que sustentaram esta inversão na estratégia de desenvolvimento da rede, e a questionar o governo sobre que medidas pretende adoptar para compensar a população da Amadora deste autêntico corte na sua mobilidade.
Assim como está, "A Venteira não está a um Metro de Lisboa".
Manuel Vilarinho Pires
(Membro da bancada do PPD/PSD na Assembleia de Freguesia da Venteira)
É preciso reconhecer aqui duas coisas. Primeiro, o valor indiscutível que a estação da Reboleira tem tido para todos os seus utentes. Segundo, que de Reboleira tem mais o nome do que o proveito. A estação tem uma localização muito excêntrica relativamente à Reboleira, e nem sequer se situa no território da Reboleira. É utilizável por pessoas que, como eu, moram na zona da Escola Secundária da Amadora, caminhando cerca de 1 quilómetro, mas fica demasiado afastada da zona central da Venteira para ser uma alternativa conveniente para os seus moradores que, quando querem utilizar a rede do Metro para chegar a um destino em Lisboa, se vêem forçados a aceder a ela através de outros meios de transporte público ou privado.
Ao longo destes dois anos desde a inauguração da estação da Reboleira os utentes do Metro de Lisboa têm sido sujeitos a uma degradação da qualidade do serviço muito penalizadora, essencialmente resultante da deficiente manutenção do material circulante decorrente da redução abrupta do investimento público e da imposição de cativações, que têm sido as receitas do governo socialista actual para controlar a despesa pública, a nova forma de aplicar austeridade disfarçada por trás de outros nomes, nomeadamente através da redução do número de composições em circulação, com o consequente aumento dos tempos de espera dos passageiros. E os utentes da Amadora têm sido especialmente discriminados nestes transtornos: quando em 2017, por falta de disponibilidade de composições em estado de funcionamento, foi necessário reduzir a circulação na Linha Azul à hora de ponta, foram exactamente as estações do território da Amadora, Alfornelos, Amadora-Este e a Reboleira, que viram a circulação reduzida para metade, tendo a empresa mantido todas as composições entre a estação de Pontinha e o centro de Lisboa.
Se nos discursos dos responsáveis governamentais o Metro serve teoricamente para melhorar as acessibilidades e reduzir a afluência de automóvel para Lisboa, na prática parece vir a ser gerido para servir preferencialmente a população de Lisboa em prejuízo da que se desloca diariamente dos Concelhos limítrofes para Lisboa, nomeadamente a da Amadora.
O que apenas indiciava um certo desinteresse do governo actual pela qualidade do serviço do Metro prestado aos utentes da Amadora tornou-se mais evidente quando, numa entrevista em Abril de 2017, o ministro do Ambiente que tutela o Metro de Lisboa afirmou "Parece-me muito evidente que o metro deve sobretudo funcionar onde existe uma maior massa demográfica e, portanto, os metros devem ser um transporte essencialmente do centro de cidade. ... basta olhar para o território para ver que é sobretudo no centro de Lisboa que existe uma maior concentração demográfica em que é necessária ao longo do dia uma maior frequência de viagens". Depois desta afirmação de desvalorização total do papel do Metro na melhoria das acessibilidades dos Concelhos circundantes de Lisboa e como alternativa ao automóvel particular no acesso a Lisboa, o mesmo que antes tinha valorizado, não foi surpresa a decisão governamental de no plano de desenvolvimento da rede do Metro deixar cair o prolongamento da rede do Metro até ao Hospital Fernando Fonseca e substituí-lo pela construção de mais estações em Lisboa e no fecho de uma linha circular.
A opção de substituir a expansão na Amadora pelo fecho de uma linha circular deixa cair, como é evidente, o contributo do Metro para continuar a retirar carros de Lisboa através da oferta aos utentes da Amadora de uma alternativa cómoda e conveniente ao acesso por automóvel. É considerada por especialistas em transportes, como por exemplo o Professor do Instituto Superior Técnico Fernando Nunes da Silva, no entanto anterior membro de uma vereação socialista da Câmara Municipal de Lisboa, "...completamente aberrante a vários títulos. Londres, que foi uma das primeiras linhas circulares no mundo, acabou com a mesma há uma dezena de anos, por dificuldade de operação e de manter o serviço desejável com o resto da rede". Não foi justificada por quaisquer estudos que a sustentem, mas apenas pela força da decisão.
E prejudica, como é óbvio, a Amadora e os amadorenses, nomeadamente os Freguesas da Venteira a quem é negado virem a dispôr de uma estação de Metro convenientemente situada para lhes valer a pena substituir o automóvel por este transporte nas suas deslocações para Lisboa, ou para lhes permitir chegar a qualquer ponto de Lisboa sem os inconvenientes e as demoras de várias mudanças de transporte público. Prejudica os inúmeros trabalhadores e utentes que frequentam diariamente o Hospital Fernando Fonseca sem um transporte público conveniente, principalmente os mais carenciados que não têm possibilidade de lá chegar de automóvel próprio.
E, pior que tudo, prova que os anúncios da expansão do Metro de Lisboa feitos pelo governo socialista e pela Câmara Municipal da Amadora socialista em 2009, ano de várias eleições, foram um logro.
Fomos enganados. Ponto.
Surpreendentemente, ou talvez não se se tomarem em conta as cumplicidades políticas e partidárias entre as diversas instituições envolvidas neste processo, a Câmara Municipal da Amadora não tem tido uma voz activa na defesa da população da Amadora, dos seus interesses, e da sua mobilidade. Tem, pelo contrário, assumido uma posição demasiado passiva neste processo.
Mas as autarquias devem também ser um actor que representa institucionalmente os interesses das populações, e neste processo também. Motivo pelo qual o grupo de eleitos do PPD/PSD à Assembleia de Freguesia da Venteira, de que faço parte, submeterá à próxima Assembleia de Freguesia uma moção a manifestar o desacordo com este plano de expansão do Metro que discrimina a população da Freguesia, a necessidade de o Metro de Lisboa cumprir os seus objectivos de contribuir para assegurar a mobilidade sustentável de todos os cidadãos da Grande Lisboa, a requerer ao governo e à administração do Metro de Lisboa a disponibilização dos estudos que sustentaram esta inversão na estratégia de desenvolvimento da rede, e a questionar o governo sobre que medidas pretende adoptar para compensar a população da Amadora deste autêntico corte na sua mobilidade.
Assim como está, "A Venteira não está a um Metro de Lisboa".
Manuel Vilarinho Pires
(Membro da bancada do PPD/PSD na Assembleia de Freguesia da Venteira)
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