Na Praça Dona Maria II o estacionamento não abunda.
Servindo uma série de ruas que a rodeiam, a Dom Dinis, a Correia Teles e a Dr. José Pontes, para além do prédio que se situa no meio da praça, o estacionamento na Praça Dona Maria II da Reboleira tem grande procura e não é raro, se se chega a casa de automóvel fora de horas, ter de procurar lugar para estacionar longe de casa. É portanto um bem público escasso que devia ser gerido com parcimónia e atenção aos moradores de modo a servir convenientemente os que dele necessitam.
O piso junto da entrada do Jardim de Infância ao alto da escadaria que liga a praça à rua Correia Teles estava muito degradado e deformado pelo crescimento das raízes das árvores de porte elevado que a embelezam, constituindo mesmo um risco para a circulação dos peões, nomeadamente os de mobilidade mais reduzida, e, depois de ter cortado a árvore de porte mais elevado, admite-se que por ser aquela cujas raízes provocavam danos mais elevados ao piso, iniciaram-se na semana de 5 de Fevereiro obras que se admite serem de requalificação desta zona da praça.
O uso repetido da expressão "que se admite" não é acidental, e resulta de não ter sido prestada qualquer informação aos moradores, um pequeno cartaz que fosse, sobre pelo menos o dono, o objectivo e a duração da obra. Não sei se é, mas admito que seja uma obra de requalificação para beneficiar a praça e servir os moradores.
A primeira coisa que foi feita foi delimitar as placas de estacionamento existentes na zona intervencionada com barreiras de modo a impedir o estacionamento de veículos que perturbassem o arranque e andamento da obra, o que foi conseguido com sucesso.
Esta limitação adicional à disponibilidade de lugares de estacionamento já antes escasso causa transtornos adicionais aos moradores, e passou a ser muito improvável encontrar lugar para estacionar na praça mesmo ao fim da tarde e não apenas de madrugada como antes, mas os moradores compreendem esta perturbação inconveniente temporária em nome de um interesse superior para eles próprios, a requalificação para seu usufruto da zona que estava degradada.
No entanto a obra, que decorreu a um ritmo razoável e com uma evolução evidente até à quinta-feira dessa semana, com assinalável mobilização de operários, meios e materiais, ficou parada cerca de uma semana, como seria expectável no fim-de-semana e no período do Carnaval, prolongando a indisponibilidade dos lugares de estacionamento e os transtornos aos moradores sem qualquer avanço no sentido de lhes devolver a zona para seu usufruto.
Pior, desde então, e com raríssimas e espaçadas intervenções pontuais, um cilindro andou a compactar a brita espalhada no terreno, não tem tido qualquer avanço visível, estando desertificada de operários e máquinas há mais de duas semanas.
E se o transtorno da indisponibilidade de estacionamento enquanto decorrem as obras é um sacrifício aceitável e até bem-vindo pelos moradores, atendendo ao benefício esperado da requalificação da zona, a indisponibilidade quando as obras estão paradas é apenas prejudicial aos seus interesses e conveniência, e representa uma evidente desconsideração e mesmo falta de respeito por eles por parte de quem contratou, planeou e está a executar a obra, que podia ser contratada, planeada e executada de modo a minimizar o tempo de indisponibilidade do estacionamento para os moradores.
As autarquias são um património precioso e imprescindível do sistema democrático português por serem os orgãos políticos mais próximos das populações e, por este motivo, mais habilitados para se aperceberem e zelarem pelos interesses delas. Mas para merecer esse estatuto têm mesmo que se aperceber e zelar pelos interesses das populações, o que não está a acontecer aqui.
São as autarquias que temos...
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